SOBRE O TEMPO…
As redes sociais me lembram que nesse dia, há quatro anos, estava em Barcelona...
Antes de retornar de Minas para o Sul fiz uma das minhas mais longas viagens, em quantidade de dias... Na companhia da Mãe, percorrendo — por terra, mar e ar — Espanha, França, Itália, Portugal... De certa forma preparo para restrições que nos aguardavam, de muitas ordens e intensidades, quase sempre doloridas.
Tenho vivido uma relação um tanto idiossincrática com o tempo... Bem mais do que parecer ontem, a intensidade do experimentado nesses últimos quatro anos valeram por quarenta.
A inquietude tem me acompanhado mais que o habitual, ondas persistentes de desconforto me invadem, sem muita paciência para esperas e convenções.
Ando sentindo a necessidade de “levantar acampamento” novamente... Dessa vez, sozinha.
Passados bem mais de cinquenta anos, aquela sensação marcante e curiosa da primeira infância se faz presente...
De repente, olhando minhas mãos, o nítido e conhecido estranhamento diante de meu próprio corpo. Não mais como se ele não me pertencesse ou representasse, reconheço seu papel e importância, mas como se o circunstancial não desse conta de quem sou.
Brotando da neutralidade de um lugar conhecido, uma emoção me envolve em reconfortante abraço, enquanto uma lágrima de gratidão — não mais de dor — rola pela minha face. Ela sussurra, com clareza ímpar: tudo está bem, tudo está em ordem, é o processo...