Ana Rita de Calazans Perine
3 min readJul 9, 2021

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O LIVRO DO AMOR e o MITO DO MINOTAURO — Percepções

Ariadne e Teseu, de Nicolo Bambini

No final do ano (2012) ganhei de uma amiga querida O LIVRO DO AMOR — o legado de Maria Madalena (Kathleen McGowan / Rocco). Foi com grata surpresa que, na ambientação da obra, já nos primeiros capítulos da trama observei similaridades com mitos e símbolos do Egito e da Grécia Antigos. Além de outras influências não tão diretas: Índia, China, Suméria, Civilizações Pré-Colombianas… O seguimento e conclusão da leitura intensificou ainda mais o que acredito e a que me dedico.

A beleza que desconcerta é que as mitologias e simbologias parecem tratar exatamente da mesma “força ou princípio” que vibra na Vida com um todo e é passível de ser percebida — ainda que em momentos fugazes — pelos corações menos endurecidos. Seriam uma só?! As grandes deidades, materializadas ou não, em um mesmo movimento atravessando o espaço-tempo. E forças contrárias, aparentemente obstaculizando o processo, o viabilizando. Quanto menos sopra o ar, mas vertical é a chama…

Lembrando o Mito do Minotauro, tido como grego, mas que parece ser muitíssimo mais antigo do que se imagina… Tenho uma predileção lógica e emotiva pela versão que defende estar radicada sua raiz no Egito pré-dinástico, com o primeiro faraó Menés (Narmer), grande unificador das terras do Alto e Baixo Egito, instaurando o caminho magistral de iniciação que constrói pontes entre o Céu e a Terra. E o faz através da misteriosa cadeia de mestres e discípulos, irmanada na luta para que a harmonia, o equilíbrio, a justiça seja por nós sentida — já que está sempre presente — e, só então, aqui na Terra restabelecida. E o que dá liga nisso tudo?! O Amor.

Penso ser a trilha que precisamos percorrer no iniciático labirinto das nossas vidas. Talvez o grande e sábio Rei Minos — com a imagem propositalmente deturpada para o terrível monstro — seja o próprio eu interno. Ele exige ser devidamente legitimado, validado em todos os aspectos e circunstâncias de nossas vidas. E o tememos…

De onde nossa parca vista alcança pode parecer uma monstruosidade o que ele nos cobra. Não percebemos que ele traz em si mesmo o poder de diferenciar, integrar e transcender todos os demais “eus” que trazemos. Como um só e legítimo governante de um país unificado.

Assim, a mítica espada de Teseu não fere o Minotauro de morte, mas de vida! Guiado pelo fio de Ariadne — princípio feminino de busca, amor e sabedoria / consciência que une os dois mundos, material e espiritual — e por livre vontade, Teseu o atinge. O atingindo ele afastas as sombras, permitindo que as luz irradie por todas as direções e liberte todo um povo do medo que paralisa, aprisiona e separa mais que todos os cárceres físicos.

O trono do Minotauro no centro do mítico labirinto?! Nosso próprio coração… Precisa ser aberto, possibilitando serem as verdadeiras ideias para ele canalizadas, em expansões perceptivas que promovam coerência pelo transladar pensar — sentir — ser.

Talvez assim é que se viva a maior da sagas… Percorrendo a ilusória distância que teimamos em aferir aos pouco centímetros que separam a mente do coração.

Fato é que o mito e o labirinto, como portais que expandem percepções e descortinam novas realidades estão presentes, também, pelo que afirma “O Livro do Amor”, na saga de Maria Madalena. E de tantos outros, homens e mulheres magistrais — antes e depois dela — que, pelo valor da postura e conduta, não só protegeram como intensificaram essa chama.

Minha reverência e meu respeito a Grande Espiral que, por movimentar o melhor de nós, transforma vidas e mundos.

(Texto de Fevereiro de 2013)

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Ana Rita de Calazans Perine

Filósofa Clínica, Pesquisadora, Educadora, Mobilizadora Social e Empresarial / Instituto ORIOR — Resgate Filosófico, Transdisciplinaridade e Sustentabilidade.