NOTAS SOBRE EDUCAÇÃO

Pequenas observações pautadas na experiência com processos de desenvolvimento humano, transformação cultural e redes transdisciplinares de aprendizado…
De modo geral pode-se resumir em três as dimensões da educação, que não é apenas informativa, mas formativa: física, emocional e intelectual. Para que façam sentido e respondam aos desafios cotidianos, precisam estar conectadas com a vida, onde as dimensões se interpenetram e complementam.
A vida é transdisciplinar por excelência, funciona em rede, tramas da existência capazes de conectar não só mundos distintos, como talentos diversos. Não há como levantarmos e nos comprometermos com soluções exequíveis e sustentáveis sem promovermos diálogos, sem lançarmos pontes…
Independente da esfera (municipal, estadual ou federal), há que se pensar grupos de trabalho, secretarias e ministérios como um só corpo. Justo em função dessa macrovisão que convém traçar atribuições, objetivos e metas de cada qual.
Voltando às dimensões básicas da educação (física, emocional e intelectual), apenas à título de aproximação e exemplificação da força e importância da rede…
O nível físico (relacionado com o fazer) trata da saúde e do bom desenvolvimento do corpo. Envolve não só atividades físicas, mas alimentação de qualidade (acionar produtores de orgânicos locais para a merenda escolar faz girar a economia), acompanhamento médico (SUS), moradia digna (saneamento básico, entre outros)…
No emocional (relacionado com o sentir), enxergar a alteridade e acolher a singularidade, a particularidade de cada qual, mediante o sentimento de pertencimento (comunidade de cuidado e desenvolvimento). Debruçar-se sobre a história e o contexto de quem é pela educação atendido. Correlacionar o que se passa intra e extramuros escolares. Aí os suportes da Assistência Social e da Cidadania merecem destaque.
O nível intelectual (relacionado com o pensar) requer curiosidades despertas pelo encantamento do perceber fazer sentido e ter significado ali estar. Momento em que o ambiente deixa de ser fabril (gerador de mão de obra, recurso) e passa a educacional (despertar e potencializar seres humanos). Atividades de contraturno escolar, disponibilizando arte e cultura de qualidade, ampliam mundos, detectam e desenvolvem talentos, potencializam expressões. Ações de cidadania e corresponsabilidade na construção de um mundo mais harmônico e inclusivo para se viver. Valorização dos professores, investimentos em infraestruturas, currículo enriquecido com disciplinas optativas a fim de atender interesses distintos, escolas abertas a comunidade… No caso do ensino superior, sobretudo, investimento em pesquisas e inovações aplicado a casos concretos, dando resposta a desafios sociais e civilizatórios pontuais.
O aprendizado em todos os níveis (infantil, fundamental, médio, superior) e dimensões (físico, emocional e intelectual) como um exercício legítimo e equilibrado de direitos e deveres, potencializando a transferência de saberes e o compromisso dos indivíduos com o coletivo que integram. O que permite movimentar as três esferas da sociopolítica, rumo ao pleno desenvolvimento: indivíduo, sociedade e estado.
Mais do que reaprender a sonhar, precisamos juntos, no presente (atenção), revisitar o passado (memória) e construir futuro (imaginação). Há que ampliar o horizonte perceptivo, prospectar… Por mais que pareça chover no molhado, enxergar globalmente e atuar localmente faz uma diferença brutal… Se for para sonhar, sonhemos grande! Se for para nos comprometermos, que o façamos com senso de causa, pertinência e máxima transparência!
(Texto redigido em 03 de Agosto de 2022. Sugestão de leitura: “Educação Brasileira”, de Gustavo Bertoche, disponível na Amazon)