GRAMADO - Muitas mãos, um só coração
Nestes 28 anos morando fora da minha cidade natal, Gramado - RS, nunca deixei de receber pelas mãos cuidadosas da Tia Nena (Rosalina Petersen), as publicações que tratavam deste rincão.
Agora recebo de meu irmão, Mano Perine, um exemplar que desconhecia: "Gramado em crônicas históricas", de Romeo Ernesto Riegel, de 2012. A mim entregue enriquecido com fatos sobre sua feitura: as imagens do sino da Igreja São Pedro foram capturadas pelo Mano que, com a devida autorização, arriscou a pele e conteve a vertigem no campanário da Matriz.
O livro encanta tanto pelo mergulho histórico quanto pela poética da narrativa. E vai além... nos faz revisitar o próprio passado, nos reposiciona no presente e impulsiona o futuro. Percebe-se Gramado como resultante da construção de muitas mãos, inspiradas por um só coração: fazer prosperar o povoado ofertando orgulhosamente aos visitantes o melhor de sua terra e sua gente.
Neste processo, entre suor e lágrimas, só chegamos onde chegamos pelo envolvimento de toda comunidade, desde a sede às colônias. A par do glamour que envolve nossas festas, esse coração precisa continuar a pulsar forte, conferindo alma ao corpo oficial de eventos gramadenses.
Inevitável perceber que, não raro, o melhor dos nossos traços são herdados… Assim, através da menção do legado de alguns honro, celebro e agradeço todos os que me antecederam. Não somos tão originais assim.... Que bom, seria insensato e constrangedor ter que reinventar a roda todo dia, melhor angariar experiências.
Dos bisavós maternos, Vô Floriano e Vó Normélia (Júlio Floriano Petersen e Normélia Monteiro Petersen): a presença amiga que silenciosamente empodera; jamais permitir siglas e ensígneas maiores que pessoas, tampouco poder em detrimento de governo.
Dos avós maternos, Vô Calazans e Mama (Edson Freitas de Calazans e Terezinha Petersen de Calazans): cálculos que possibilitam unir pontos distantes, construir estradas, lançar pontes; apreço pela beleza da música e da poesia; um inquebrantável senso de justiça.
Dos avós paternos, Nonna e Nonno (Angelina Bordin Perini e Francisco Perini): o tempo de semear e de colher; saber viver as entressafras; trabalhar com garra, união e alegria.
Do Pai e da Mãe (Jayme Olavo Perine e Valesca de Calazans Perine): abraçar desafios; não esmorecer diante das adversidades; cultivar sonhos e amigos; amar livros; filosofar.
Plenos do entardecer de ontem, escrevemos hoje o alvorecer de amanhã... Assim caminha a humanidade e nossa comunidade... Que venha o novo ano!